"CRER é também PENSAR: A importância da mente na vida cristã" (ABU Editora, 1978, 59 páginas), do teólogo John Stott, traz um conjunto de idéias que fundamentam a utilização do pensamento crítico e da razão na contextualização da fé cristã.
“Fé é uma confiança racional, uma confiança que, em profunda reflexão e certeza, conta com o fato de que Deus é digno de todo crédito” (p. 36).
John Stott, contextualiza, com uma linguagem muito simples, a importância da razão nos pensamentos cristãos. Ao contrapor vertentes cristãs que defendem a valorização das experiências místicas sobre a palavra revelada de Deus, Stott traça uma linha de exposição bíblica que demostra a necessidade de fixação do ministério pessoal na Bíblia de uma forma racional e sistemática. Foi proposta, no livro, a apresentação do uso da razão em seis aspectos do Cristianismo: Culto cristão, fé cristã, santidade cristã, direção cristã, evangelização cristã e ministério cristão.
Como Stott escreveu esse livro em 1978, podemos perceber que muitas de suas ideias já são extremamente disseminadas nos dias de hoje. Logo, através dos conceitos do livro, pude confirmar muitas coisas que já eram uma realidade “intrínseca” no ministério. Stott cita Gresham Machen quando diz: “O que o Espírito Santo faz no novo nascimento não é transformar a pessoa num cristão sem dar atenção à evidencia, mas, pelo contrário, dissipar a névoa de seus olhos, de forma que possa ver e responder à evidência” (p. 50). Podemos observar essa verdade bíblica em Paulo, como afirma Stott: “Em vez da sabedoria deste mundo, resolveu pregar a Cristo, este crucificado” (p. 50). Assim, quando preparamos uma boa apologética, permitimos que o Espírito Santo tenha uma maior liberdade, pois expomos a verdade bíblica e Deus revela seu poder através de nossa apresentação sistemática.
Observamos que essa apologética parte dos princípios bíblicos que todo cristão deve manter: “Precisamos ter princípios seguros para a interpretação bíblica. Precisamos estudar, discutir e orar”(p. 40). A alteração da ordem preeminente para orar, estudar e discutir, com certeza, pode otimizar essa prática. Evidentemente, um cristão preparado biblicamente é capaz de analisar diversas situações pessoais e também é capaz de acompanhar seus colegas de missão e campo dando conselhos pautados nas Escrituras.
Falando a respeito da Criação, Stott traça um excelente contraste entre Israel e o Antigo Testamento, demostrando que a sabedoria que vem de Deus é para que O glorifiquemos em todas as coisas, pelo poder d'Ele em tê-las criado: “como alguém que se revelara através de atos concretos, criando e mantendo o seu mundo, e redimindo e preservando o seu povo” (p. 31).
“A fé decorre do conhecimento, do seguro conhecimento de Cristo” (p. 38). Quando o cristão possui bases firmes, segundo a parábola de Cristo, tem sua casa arregimentada em uma pedra sólida e pode vir a tempestade, podem vir as lutas e desafios, seja no ambiente acadêmico, familiar ou em seus relacionamentos amorosos - a propósito, o autor traça alguns argumentos muito interessantes -, que tomará decisões conscientes.
Creio que a leitura do livro me permitiu a confirmação de algumas atitudes e uma excelente linha de pesquisa apologética. A desenvoltura de Stott em criticar autores de “auto-ajuda”, que defendem a linha da fé em si mesmo, como o Dr. Peale, alerta-nos em relação ao sincretismo religioso e à tomada do egocentrismo em lugar do teocentrismo proposto pelo modelo de Cristo.
Algumas das frases que falaram muito ao meu ministério durante a leitura, além das que foram citadas acima, são:
• “E ao inquirirmos o que significa seu 'nome', verificamos que é a soma total de tudo o que Ele é e fez” (p. 30).
• “a leitura e a meditação da Bíblia são uma parte muito importante na devoção pessoal do cristão” (p. 32).
• “A fé e a visão são postas em oposição, uma à outra, nas Escrituras, mas nunca a fé e a razão” (p. 33).
• “A Bíblia está repleta de lógica, e de forma alguma devemos pensar que a fé seja algo meramente místico”(p. 37).
• “É claro que encontramos nas Escrituras princípios gerais que nos orientam na tomada de nossas decisões em particular” (p. 43).
• “dissertar, expor, demonstrar, anunciar e persuadir” (pg. 46).
E a frase que mais fala em relação ao ministério estudantil: “... estou cada vez mais ansioso por ver Deus chamar, … pessoas com mentes atentas, convicções bíblicas e aptidão para ensinar. Colocando-as nas cidades grandes e importantes, e nas cidades universitárias deste mundo;” (p. 54).
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Valeu pelo comentário! Em breve responderemos!Aventure-se na rota J!